A janela é definida como uma abertura feita nas paredes externas de um edifício, para permitir a entrada de luz e ventilação. Algumas vezes, ela é usada para estabelecer o contato entre determinados cômodos da casa. As janelas podem ser feitas com madeira, alumínio, plástico, vidro e outros materiais. O vidro é muito utilizado quando queremos controlar a ventilação e permitir a passagem da luminosidade. Há também as janelas acústicas que controlam a entrada do som. A janela é também utilizada como motivo de embelezamento dos edifícios. O padrão de beleza varia com a época e isso permite identificar o período da construção de determinados edifícios. De uma forma mais geral, a janela é dita ser a abertura por onde se faz algum tipo de ligação e se estabelece uma comunicação.
Do ponto de vista arquitetônico, a janela é uma coisa muito simples, mas isso não significa que não possamos pensar a mesma de uma forma mais ampla. Como primeiro passo, podemos começar fazendo uso da liberdade proporcionada pelas metonímias. Podemos perguntar ao leitor qual a imagem que lhe ocorre quando ouve a palavra janela. Pensa naquela peça de madeira ou vidro que abre e fecha ou no espaço que a contém? Uma forma mais geral de pensar a janela é entendê-la como um ponto de contato. Um ponto através do qual podemos promover interações e mudanças.
Na informática, a janela é uma área da tela do computador que permite que o usuário entre ou saia de um programa ou de um sistema. O uso de janelas foi fundamental para o desenvolvimento da informática. Quando, em 1985, a Microsoft iniciou o desenvolvimento do seu computador pessoal dotado de interface gráfica, chamou o seu sistema de Windows. O sistema Windows permite que você amplie ou minimize uma janela com a qual você deseja trabalhar. Cada pedacinho da tela é uma janela com papel diferente. A própria tela do computador ou do tablet é também uma grande janela.
Podemos até dizer que a tela do computador é hoje a maior janela que nós temos no mundo. É uma janela que você pode abrir para qualquer lugar e até para diferentes tempos. Você pode abrir uma janela para Fernando de Noronha e ficar olhando aquela paisagem que alguém filmou um dia ou está filmando agora. Você pode levar a sua janela para o passado e apreciar uma paisagem de cinco anos atrás. A palavra janela também é utilizada com o significado de tempo: janela do tempo. Janela de tempo significa o tempo adequado para que determinado fato ocorra. Na literatura e na música, a janela goza de bom prestígio. Há várias poesias e músicas que falam de janela.
Fernando Pessoa, por exemplo, escreveu:
NÃO BASTA ABRIR A JANELA
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores…
POR TRÁS DAQUELA JANELA
Por trás daquela janela
Cuja cortina não muda
Coloco a visão daquela
Que a alma em si mesma estuda
No desejo que se revela….
De Chico Buarque, lembramos a música Carolina, na qual ele diz:
Eu bem que avisei a ela
O tempo passou na janela
E só Carolina não viu…
A música “Esperando na Janela”, de Targino Gondim, em parceria com Manuca Almeida e Raimundinho do Acordeon, fez um grande sucesso na voz de Gilberto Gil e como trilha sonora do filme “Ëu, Tu, Eles”.
Tá me esperando na janela, ai, ai
Não sei se vou me segurar….
Algumas pessoas falam da “janela da alma” quando estão se referindo aos olhos humanos. A expressão janela da alma traduz o sistema visual como um importante ponto de contado do indivíduo com o meio externo. Esse conceito foi bem explorado no filme documentário, de João Jardim e Walter Carvalho, lançado em 2001 chamado “Janela da Alma” que aborda a importância do sentido da visão, mediante depoimentos de 19 pessoas detentoras de problemas visuais.
Nem todos perceberam, mas a pandemia parece ter aumentado a importância da janela. Para quem não pode sair de casa, resta o recurso de olhar pela janela. A janela vira uma válvula de escape, desde que o indivíduo use um pouco de imaginação. Você fica na janela, ouve sons, presencia alguns eventos e imagina o que pode estar acontecendo lá longe. Pode abrir a janela de manhã, ver o Sol nascendo e deduzir que terá um bom dia.
Para além de ser um instrumento que abre e fecha, a janela resulta num ponto de contato com o mundo exterior. Pode ser vista como um ponto de troca de influências. Naquelas ruas compostas de casas geminadas, a janela desempenha um papel muito importante porque é através dela que as pessoas olham o mundo e conversam com os vizinhos. A provocação que não quer ser contida sugere que o leitor utilize a sua janela ou a sua varanda e estabeleça novos contatos com o mundo.